A sua pergunta me lembrou do amor em Carmen de Bizet.
Sobre o denso amor, lá se diz: “Tu crês prendê-lo, ele te evitas. Crês evitá-lo, ele te prendes”. Há muita verdade nisso.
No amor, as fórmulas miraculosas para o esquecimento daquela grande história sempre se mostram infrutíferas quando o sentimento é profundo e enraizado como deve ser um grande amor.
Certamente, muito já ouvimos que o tempo é o melhor remédio para “esquecer”.
Sabe? Certa vez, li – e nunca consegui esquecer - que “nunca deixamos de amar em silêncio aqueles que um dia amamos em voz alta” (…) e, embora essa não seja uma sentença universal (não poderia ser, pois tudo é peculiar em cada amor), ela contém algo de uma profundidade perturbadora, mas libertadora também.
Se realmente amamos em alto som, talvez continuaremos amando, para sempre, no silêncio dos nossos corações, contudo nunca do mesmo modo, porque também já não somos os mesmos depois do vendaval e o próprio sentimento já se faz outro.
Pode ser que o nosso pequeno grande deslize seja, justamente, tentar usar o tempo como o elixir da amnésia.
Lembra? No amor, quando cremos evitá-lo, ele nos aprisiona ainda mais.
Então, talvez, o segredo seja não usar o tempo para esquecer o que é impossível, mas para permitir que o universo atue na cura das nossas feridas, que sei, quando estão abertas, provocam imensa dor.
Mas, aos poucos; no seu tempo, na sua hora, no seu momento, o que era dor se transformará na lembrança de uma grande história que você viveu e, provavelmente, será uma parte fundamental de você para que o novo (que surgirá) seja exatamente o que deve ser: uma experiência única e livre de comparações.
Alonguei-me demais, mas vou partindo….
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